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Perguntem ao Relâmpago

Translated from NL to PT by Xénon Cruz
Written in NL by Carmien Michels

Não era a minha intenção causar um burburinho. Mas de repente assim  foi. Falei na escola sobre o acidente de viação e uma coisa levou à outra. Estava pela ponta dos cabelos com os exames, de maneira que nunca  conseguia acordar a horas, embora me propusesse sempre na véspera de  cada prova a folhear atentamente tudo aquilo que ainda não tinha  aprendido. Depois do bipe irritante do despertador da minha mãe, que  tinha de estar bem mais cedo no emprego, voltava sempre a cair num sono  profundo, tão profundo que mal ouvia o meu próprio alarme. O meu pai  vinha-me então tirar do ninho mesmo a tempo. Mas na segunda-feira do  acidente isso não aconteceu. Podemos dizer que foi sorte termos uns  otários de uns vizinhos que entravam em discussões às horas mais  estranhas. Dei uma forte pancada na parede para lhes agradecer a  encantadora gritaria. 
      Pouco depois disso, bati três vezes à porta do quarto de dormir do  meu pai. 
— Oito menos um quarto! 
O corpo dele começava a mexer-se por baixo do lençol. Dei a volta à  cama até chegar à mesinha de cabeceira. Em cima estava uma caixa de  comprimidos, iguais aos comprimidos de dormir que a minha mãe  também tomava. Ele estava coberto pelo lençol dos pés à cabeça. — Não tens de ir trabalhar? 
Com um braço frouxo puxou o lençol da cara. Tinha uns olhos  pequenos. Pegou nos óculos que estavam em cima da mesinha. — São oito menos um quarto — disse eu. 
— Já me estou a levantar — resmungou com um simpaticíssimo  humor matinal. 
Na casa de banho ficou a olhar para o reflexo no espelho, segurando  uma luva de banho molhada. Quando reparou em mim, atirou-a na pia e  saiu do quarto sem me encarar. Tinha pelos curtos a sair das bochechas. 
Enquanto ele estava sentado à mesa da cozinha a laurear, eu ia-me  apressando a entrar no casaco. 
— Não vens? — perguntei. 
— Só preciso de estar lá mais tarde — disse, a coçar o queixo. — Vais deixar crescer uma barba? 
— Talvez. 
— O que é que o teu patrão tem a dizer sobre isso? 
Encolheu os ombros. 
— Estou cansado, falamos logo à noite. 
Os rapazes que estavam à beira do parque infantil riram-se quando  passei por eles a correr. Um deles buzinou. Odiava motorizadas, sobretudo  quando não me deixavam dormir à noite com o rechiar das corridas deles.  Além disso, enchem-te a cara com aquele fumo nojento quando passam por ti na rua. Sem refletir propriamente, levantei-lhes o dedo do meio. Que  bicho me terá mordido? Por um momento miseravelmente curto devo ter  pensado que lhes podia levar a melhor, que era tão intocável quanto David. 
Este Golias tinha porém uma motorizada, que ele pôs a trabalhar  com uma patada de uma das suas botas grossas de combate. Corri pela  minha vida. Conseguia imaginá-lo perfeitamente a ir todas as noites a  clubes marginais só para desancar outros brutamontes. Ou se calhar  pertencia àquele gangue que vandalizava casas de chá e enfiava  muçulmanos barbudos à porrada no hospital. 
Enquanto ouvia a motorizada a aproximar-se, apressei o passo como  um atleta de alta competição quando vê a meta, no meu caso, a esquina da  rua. Se a conseguisse alcançar, o Golias teria de travar e podia ser que assim  o perdesse. 
Claro que eu não tinha previsto que precisamente naquele  momento alguém fosse dobrar a esquina. Nem muito menos que fosse  alguém a conduzir uma daquelas scooters de mobilidade reduzida. Foi tudo  menos uma colisão carinhosa como no início dos filmes românticos. No  entanto, posso dizer com um certo orgulho que me sacrifiquei. Por reflexo,  pensei em primeiro lugar no bem-estar do homem inválido e só depois em  mim mesmo. Saltei para cima mesmo a tempo, evitando assim embater  com o meu peso todo no carrinho e derrubá-lo ainda com o homem lá  dentro. Um gato aterraria elegantemente em cima das patas ao fazer uma  manobra destas, mas infelizmente o meu pé ficou preso num dos braços da  cadeira, pelo que me fui estampar no asfalto. Por pouco ainda consegui  levar os braços à frente da cara de forma a evitar danos permanentes. 
Pensei que ia morrer. As dores eram tantas que não tinha força para  me recompor. Pareceu-me boa ideia ficar ali deitado um bocadinho, até  chegar a ambulância. Talvez o chão até fosse agradável para dormir. 
A motorizada não parou muito longe de onde eu estava. Isso fez-me  recuperar a vitalidade. Pus-me de pé num salto e quis começar a fugir  novamente, mas as minhas pernas debilitadas não me quiseram  acompanhar. 
Não estava à espera de que o homem na cadeira de rodas se  levantasse de repente para me ajudar, mas devo dizer que esperava algum  tipo de compaixão. Graças a mim o carrinho ainda estava de pé e intacto, e  o homem tinha apenas apanhado um susto. Na verdade, ele devia era  estar-me muitíssimo grato. Mas não é que o tipo me começou  imediatamente a insultar, num sotaque que ao início parecia norueguês ou  finlandês, mas que afinal se revelou ser neerlandês. 
— Filho da puta! Abana-conas! Sarnoso de merda!

Contra todas as minhas expectativas, o Golias tomou o meu partido.  Primeiro passou-me uma garrafa de água que tinha tirado de baixo do  assento da motorizada, depois, pôs-se em frente ao carrinho. — Tenha calma — disse ele. 
O homem na cadeira de rodas ficou bastante impressionado com o  rapaz careca de casaco de cabedal vermelho-escuro, calças de ganga pretas e  botas de combate. De repente, parou de falar, agarrou o volante e balançou  o carrinho para o lado. Ainda praguejando desapareceu de vista. — Estás bem? — perguntou o rapaz. 
A pele dos meus braços estava rasgada, suja e cheia de pedrinhas.  Sentia também o meu lábio a ficar enorme. 
Acenei e arregalei os olhos na direção dele. Às vezes as pessoas  conseguem mesmo surpreender-te. Quem diria que este moço seria  simpático? Quem diria que aquele paciente da cadeira de rodas me  chamaria de «abana-conas»? Eu pensei que todas as pessoas em cadeiras de  rodas eram amigáveis. Ou que pelo menos se mostravam agradecidas se  alguém as protegesse de uma tragédia. Mas aquele homem era tão canalha  como qualquer outro. 
Quando cheguei à escola, a senhora do secretariado arrastou-me  para a enfermaria, onde me desinfetou as feridas e as colou com uns pensos.  Em seguida mandou-me para a sala de aula, onde vinte e cinco moncos  vomitavam a contrarrelógio o conhecimento amontoado que tinham para  cima de uma folha de papel. O Eli foi o primeiro a levantar os olhos.  Aquele gajo era ultrainteligente. Nunca precisava de estudar muito, sabia  logo a resposta a qualquer questão e costumava olhar com um ar de  desaprovação à sua volta quando todos os outros estavam banhados em  suor durante um teste dificílimo. Eu também não precisava de estudar  muito para ter boas notas, mas não era tão apegado à fama quanto o Eli.  Ele nunca conseguia deixar de exibir a sua inteligência. 
— O que é que aconteceu? — perguntou. 
— Eli — chamou a professora da frente da sala, apontado para a  carteira onde eu me deveria sentar. Ao que parece ela tinha tanta empatia  quanto o homem da cadeira de rodas. 
Durante o intervalo, a turma ficou toda à minha volta. Nunca antes  tivera tido tantos olhares sensacionalistas virados na minha direção. Tinha  de inventar uma história fixe. Por isso contei-lhes a verdade e nada mais do  que a verdade. Que um carro me tinha atropelado e se tinha posto a andar,  sem mais nem menos. 
O coitado do Mickey conjeturou um plano que envolvia partir as  estrelas dos capôs de todos os Mercedes que encontrassem. — Isso é tão antiquado — reagiu logo alguém. 

— Tem de ser alguma coisa que apenas afete os condutores culpados  — disse eu com um grande sentimento de justiça. 
Depois alguém teve a ideia de criar uma insígnia e colocá-la nos  carros desses antissociais. Algo pelo qual todos soubessem que o dono era  um cabrão, para que sem medo lhe pudessem riscar o esmalte com as  chaves. 
— Alguma coisa que seja difícil de tirar e fácil de ver — disse eu. — Corretor! — disse alguém. 
— Sim! — exclamei. — Cruzes brancas, como as das pragas do  Egito. 
Gostava sempre de mostrar que tinha lido a Bíblia, especialmente  com o Eli por perto. 
— Isso eram cruzes vermelhas de sangue de cordeiro — disse o Eli  —, para as casas dos inocentes. 
— Por isso é que são cruzes brancas — disse eu num tom igualmente  professoral —, para os culpados. 
Na verdade, eu não tinha lido a Bíblia. Nos últimos tempos andava  completamente obcecado por uma série de thrillers que começavam com as  histórias bíblicas mais conhecidas e acabavam no nosso tempo. Era  terrivelmente fascinante ler o impacto que um acontecimento entre duas  pessoas há milhares de anos tinha tido na população mundial dos dias de  hoje. Cada livro terminava com um ditado do género: «E é assim que uma  ruga na água provocada pela mão de uma criança pode vir a causar, séculos  mais tarde, um tsunami devastador.» 
Entretanto, o Arthur tinha-se apropriado completamente da ideia.  Ele queria comercializá-la. Ele não o disse, mas já tinha mencionado a  palavra tantas vezes que eu próprio ficara enjoado de cada vez que ele  pensava sequer no assunto. No dia seguinte ele iria trazer da loja do pai uns  autocolantes vermelhos especiais impossíveis de tirar depois de serem  colados nalguma coisa. 
— Para o que é que eles servem normalmente? — perguntei, mas ele  continuou imperturbado, qual homem de negócios. Ele queria orquestrar  a coisa em grande, ia já criar uma página no Facebook para divulgar por  toda a parte o flagelo por que eu tinha passado. Para partilhar com toda a  gente a violência automobilista a que cada jovem estava exposto. E eu,  claro, viria a ser a imagem da campanha. Revirei os olhos. 
O resto da turma ficou louca de entusiasmo. Tiraram-me fotos para  pôr online, como se eu fosse algum tipo de atração turística de acidentes  rodoviários. Pus as mãos à frente da cara, mas as miúdas que normalmente  passavam o dia inteiro a pugilarem-se umas às outras, de repente acharam  piada atirar-me para o chão e prender-me os membros com os joelhos para  que também pudessem ser tiradas fotos de perspetiva aérea. Isto tudo, claro, para que eu não viesse a sofrer mais danos físicos e emocionais.  Apreciava imenso a reação dos meus companheiros de turma. Já fiquei contente por os meus pais se assustarem quando me viram  à noite. Pelo menos, isso comprovava um pouco a sua compaixão. Contei lhes o que tinha na realidade acontecido, acerca do idiota da escola que já  me andava a incomodar há algum tempo. 
— No trabalho, andavam-me sempre a roubar os iogurtes — disse a  minha mãe. 
Lá íamos nós outra vez. 
— Mas eu sabia quem é que estava por trás daquilo. Por eliminação.  Sabia quem não era, por isso tinha a certeza de quem era. Se confrontasse a  pessoa, ela desmenti-lo-ia solenemente e viraria a situação ao contrário,  como se a maluca paranoica fosse eu. 
O que, ironicamente, ela na verdade era. 
— Portanto, qual foi a solução? 
— Uma grande dose de laxante nos copinhos de iogurte. 
Ela esgargalhou-se. 
— Precisamente. E voltei a colá-los como se tivessem acabado de sair  do supermercado. Nunca mais me roubaram nada. E é isso que tens de  fazer. 
Deu-me um toque no peito com o dedo. 
— Então tenho de meter laxante no iogurte do idiota para ele parar  de me pintar de nódoas negras? 
— Pintassilgo. Foi assim que eu te eduquei? Não, tens de antecipar.  Estar sempre um passo à frente. Vingar-te antes sequer de eles te  incomodarem. 
Disse-o com uma voz calma e profunda, como se estivesse na  verdade a transmitir uma mensagem da máfia. 
— Capisce — disse eu num tom idêntico.

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